sábado, 4 de setembro de 2010

Desde sempre, eleitores

Em ano de votação, crianças vivenciam experiência eleitoral dentro da sala de aula e conhecem o processo de seleção dos futuros líderes da nação.

 Partido político? Experiência no cargo administrativo? Soluções e propostas frente aos desafios da sociedade? Propaganda cativante? Imagem forte? Caráter virtuoso?
O que esperamos daqueles que nos representam no cenário político?

Tratam-se de questões de cunho particular, critérios construídos segundo o juízo de valores de cada indivíduo. Um primeiro passo seria entender a dimensão da política como ferramenta social e compreender-se como parte dessa dinâmica, pelo menos em tese. Só a partir desses pressupostos temos homens e mulheres conscientes de sua cidadania e aptos a se identificarem (ou não) com seu papel eleitor.

A escola é um ambiente muito importante para a formação de cidadãos e, por extensão, eleitores. Acreditando nisso, a coordenadora pedagógica Bianca Meira tem desenvolvido em sua escola o Projeto Eleições. A iniciativa, bem recebida por pais e alunos, pretende simular o processo eleitoral com as crianças além de fomentar o voto responsável, crítico e consciente.

Bianca conversou com o blog VOTO DE CABEÇA:

Como vai funcionar o projeto ELEIÇÕES?
Cada faixa etária terá um tipo de abordagem. Algumas classes vão eleger representantes de classe, com direito a campanha dos candidatos, propostas, propaganda. Mas vamos cobrar dos alunos propostas coerentes, possíveis de serem realizadas em seus "mandatos", até o final do ano.


Na sala dos mais velhos, será necessário uma pesquisa sobre cada cargo que estará concorrendo na eleição de 2010. Vamos trabalhar com todos os alunos, a partir do segundo ano, os cargos e responsabilidades do governador e presidente da república.

Haverá uma simulação de eleição com os atuais candidatos que concorrem à presidência?
 Antes de tudo, as professoras sondarão, em sala de aula, quais os conhecimentos que os alunos já possuem sobre o tema das eleições e o que eles pensam sobre isso. Esclarecendo pontos principais sobre a administração do país, sobre o processo eleitoral, aí sim, os alunos vão simular a eleição.

 Teremos paralelamente o trabalho de pesquisa do voto entre familiares e amigos. O enfoque será não só no candidato escolhido, mas no critério de escolha. Queremos tratar esse tema explicando que as pesquisas são relativas, identificar que nem sempre a vontade de um pequeno grupo é a vontade da maioria, etc.
Do ponto de vista pedagógica, qual a importância de desenvolver um projeto desse tipo entre as crianças?

É necessário fazê-las entender o seu papel na sociedade. Marca a vida das crianças, muitos influenciam os pais, cobram um voto consciente. Podem, inclusive, passar esclarecimento para os pais que, eventualmente, não tenham tido acesso a esse esclarecimento.

É muito cedo para tratar desse assunto?

Vamos traduzir o processo eleitoral para a linguagem delas. Um exemplo: Com um mapa do Brasil, as crianças são questionadas sobre quem manda o país. Por ser muito extenso, vamos levantar a questão de que esse chefe precisa de ajudadores na administração do pais, portanto, abrimos conceitos como deputados, senadores, governadores.

Trabalhamos com os alunos a partir do segundo ano, por volta de 7 anos. Os menores fazem confusão até sobre o que é o Brasil (risos).

Da sua experiência, como os pais recebem essa idéia?

Os pais apóiam a idéia, são contagiados pelo interesse das crianças. Muitas começavam a assistir o horário eleitoral e inclusive chamava os pais para isso.

É comum nos depararmos com indivíduos frustrados com a política e a corrupção do meio.Essa decepção já aparece entre as crianças ?

A maioria das crianças é mais pura, desprendida de preconceitos e acredita na política e na transformação da sociedade através do voto. Como eles quase não tem contato com política no dia-a-dia, e são introduzidas ao tema de forma estrutural, teórica, demonstram uma credulidade contagiante no exercício da cidadania e no voto como elemento de transformação social.


Manuela Malachias

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